Seis anos e meio após o desaparecimento da contadora Sandra Mara Lovis Trentin, 48 anos, em Boa Vista das Missões, e o caso ainda permanece em tramitação na Justiça, sem previsão de júri. Em 30 de janeiro de 2018, ela saiu de casa para ir à Junta Comercial, em Palmeira das Missões, mas mais voltou.
O carro da vítima, uma Ranger, foi encontrado em Palmeira das Missões. Dentro do veículo, foram achados dois chips e o cartão de memória do celular, a bolsa dela, um par de sapatilhas, dinheiro e diversos papéis do escritório. A família percebeu o sumiço do celular e da carteira de habilitação.
As investigações apontaram o marido, o então vereador, Paulo Ivan Baptista Landfeldt, 53 anos, como o mandante do crime, mesmo antes da localização do corpo de Sandra. Ismael Bonetto, 27 anos, foi indiciado como executor. Ambos estão presos.
As versões
Na época, segundo a polícia, Bonetto admitiu ter sido pago para interceptar a vítima e executá-la. Para o Ministério Público, o então vereador prometeu ao executor o pagamento de R$ 40 mil para assassinar Sandra Mara a tiros e esconder o corpo. Inicialmente, Bonetto confessou ter assassinado a contadora com um tiro no peito e enterrado o corpo em Vicente Dutra. Uma semana depois, voltou atrás e disse que havia mentido.
Já o ex-vereador alega que foi procurado por Bonetto, que afirmava pertencer a uma facção e saber o paradeiro de Sandra. Para isso, teria exigido pagamento em dinheiro. O marido chegou a registrar essa suposta extorsão em uma ocorrência na polícia e, logo depois, Bonetto acabou preso.
Quando ele apresentou a versão sobre quem seria o mandante, Landfeldt também teve a prisão preventiva decretada. No entendimento da acusação, o crime teria sido cometido para que o marido pudesse ficar com os bens da família e assumisse outra relação, sem que houvesse separação, já que o casal viveria um relacionamento conturbado.
O processo
O processo segue em andamento na Justiça, mas ainda não há previsão de realização do júri. Tanto Landfeldt como Bonetto, que negam terem cometido o crime, permanecem presos – o ex-vereador chegou a deixar a cadeia em 2018, mas retornou em maio do ano seguinte, após a localização dos restos mortais da esposa.
O caso está no Superior Tribunal de Justiça (STJ), para julgamento de um recurso especial contra a sentença de pronúncia. Em 2021, a juíza Vanessa Silva de Oliveira determinou que os réus devem ser submetidos ao Tribunal do Júri pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Depois disso, a defesa de Landfeldt recorreu contra a decisão.
Ainda tramita o pedido da defesa de Landfeldt, que tenta evitar que ele vá a júri. Até o momento, não há previsão de quando deve ser julgado esse pedido pelo STJ. Somente após essa etapa, é que o processo deverá retornar para Palmeira das Missões.
Caso sejam mantidas as decisões iniciais, a Justiça então agendará a data do julgamento dos dois. Como se trata de crime contra a vida, neste caso, homicídio, sete jurados da comunidade são sorteados para definir se os réus são culpados ou inocentes das acusações. Mas ainda não há previsão de quando isso deve ocorrer.