O curso superior de Tecnologia em Agropecuária da URI/FW iniciou nas experiências das Ciências Agrárias da universidade, a partir de 2002. Porém, foi em 2012, após 10 anos de trabalho na área, que a instituição implementou o curso, baseando seu funcionamento também na alternância, com o propósito de formar agricultores e agricultoras em nível superior. Hoje, 17 municípios estão conveniados, disponibilizando conhecimento e formação para seus jovens oriundos do meio rural.
O modelo consiste na elaboração, por parte do estudante, de seu projeto profissional e de vida no decorrer do curso, estudando pelo regime de alternâncias, integrando suas práticas da propriedade, com a teoria existente no meio científico, nos livros, artigos, na universidade, escolas, bibliotecas e meios digitais científicos.
– Outro elemento fundamental é que o curso faz parte de um programa regional de sucessão do campo, mantendo convênios com municípios e instituições, bem como as propriedades, garantindo recursos financeiros e espaço para que os alunos possam desenvolver suas práticas e debaterem parcerias. Assim, o estudante não está cursando o curso sozinho, pois carrega consigo o seu entorno, local onde pretende viver e auxiliar para que as futuras gerações possam viver melhor – explica o coordenador do curso, professor Luís Pedro Hillesheim.
Para além da sucessão rural
Além de auxiliar na sucessão rural, o conhecimento adquirido também permite que os jovens se qualifiquem para outras atividades afins, especialmente, na região, que tem um setor de agronegócio forte. “O ‘novo rural’ exige, dos futuros sucessores do campo, habilidades múltiplas, mas respeitando especificidades. Como exemplos, podemos citar a venda de animais com boa genética, produção de sementes, gestão das propriedades rurais, técnicas de fruticultura, atividades de agregação de valor, prestação de serviços especializados, entre outras”, acrescenta Hillesheim.
Mais técnica, mais renda e mais qualidade de vida
Edivan Merlo (foto), da linha Santa Maria Goretti, em Iraí, é egresso da Casa Familiar Rural de Alpestre, e deu sequência aos estudos, cursando Tecnologia em Agropecuária no local, por meio do convênio com a URI/FW, e se forma no fim do ano. “Eu conheci a Casa Familiar Rural após conhecidos comentarem sobre o seu funcionamento e eu gostei muito desse modelo. Poder estudar e, ao mesmo tempo, permanecer na propriedade foi fundamental, porque a ideia não era sair, era continuar ajudando a tocar as atividades. E foi aí que começaram a se abrir portas, fomos melhorando muitas coisas, que antes, não víamos por estarmos tão ligados ao dia a dia da propriedade”, conta.
Entre outras mudanças, Edivan conta que antes, nem sempre era possível mensurar o patrimônio que a família possuía a partir da propriedade rural. “É uma estrutura completa, não só física, mas as máquinas e a própria área de terras, e nem sempre valorizamos isso. E uma mesma vaca que, até então produzia entre sete a oito litros de leite por dia, se mudarmos o manejo, com uma dieta correta, pode chegar acima dos 20 litros por dia. É uma questão de usar o potencial das atividades trabalhadas na propriedade”, detalha o jovem. Hoje, a família atua com bovinocultura de leite e grãos.
Débora Salete Sarmento (foto), 23 anos, está no segundo semestre do curso, e tem expectativas em, por meio do conhecimento, melhorar o dia a dia da propriedade da família, que se dedica à bovinocultura de leite, na linha São Francisco, interior de Frederico Westphalen. “Nossa família já trabalha com atividades rurais, então, por isso, escolhi tecnologia em agropecuária, pois ajuda a descobrir novidades, possibilidades. É possível ter uma visão diferente da propriedade”, frisa.