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Modelo educacional
Pedagogia da alternância alia teoria e prática e muda realidade dos jovens rurais na região
Casas Familiares Rurais de Alpestre e de FW incentivam a sucessão rural, o conhecimento e a melhoria da qualidade de vida no campo
Por: Márcia Sarmento
Publicado em: terça, 23 de julho de 2024 às 09:19h
Atualizado em: terça, 23 de julho de 2024 às 09:26h

Com mais de duas décadas de atuação na região, são inúmeros os exemplos positivos em que a qualificação profissional proporcionada pelos modelos de atuação da Casa Familiar Rural Regional de Alpestre e Casa Familiar Santo Izidoro, de Frederico Westphalen, devem ser motivo de orgulho em mais um período de comemoração do Dia do Colono e do Motorista. O legado que vem sendo construído ao longo dos anos tem sido fundamental, não só para garantir uma agricultura familiar mais forte e profissionalizada, como também para incentivar os jovens a permanecerem no campo, gerando renda e alcançando melhor qualidade de vida.

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Casa Familiar Rural de Alpestre
A Casa Familiar Rural de Alpestre, que tem como diretor, Wagner Rogério Bohn, começou a ser pensada e articulada entre 1993 a 1996, ano em que foi oficializada. A inauguração ocorreu em 1997, e está em atividade há 28 anos. “No início, realizamos muitas visitas a Santa Catarina e ao Paraná, quando conhecemos melhor a metodologia da pedagogia da alternância, e como funcionava uma Casa Familiar Rural na França, país de origem da iniciativa. Assim, foi formada uma proposta de como esse formato de escola poderia ser implementado e contribuir na formação dos jovens do meio rural de Alpestre e região”, recorda o diretor.
Antes do ensino médio, a CFR de Alpestre formou 290 jovens na qualificação da agricultura. A partir do reconhecimento, em 2017, foram mais 113 estudantes formados e, atualmente, são 135 alunos que cursam o ensino médio com a qualificação para a agricultura.

Casa Familiar Rural de Frederico Westphalen
Já a Escola de Ensino Médio Casa Familiar Rural de Frederico Westphalen, que abrange 18 municípios, é mantida pela Associação Casa Familiar Rural Santo Isidoro. A instituição completou neste 25 de julho de 2024, seus 23 anos de atividades, pois foi fundada nesta data, em 2001. “Trabalhamos com jovens filhos e filhas de agricultores, sendo que o objetivo é formar esses alunos para continuarem a trabalhar em suas propriedades, aplicando esse conhecimento com sua família, melhorando o seu sistema de produção e de manejo, além de mostrar a qualidade de vida que podem ter no meio rural, por serem os donos do seu próprio espaço, pela alimentação que produzem e pelo capital que já têm investido na propriedade”, explica a diretora, Dulcinéia da Silva Zonta.
A instituição já formou, desde 2001, 320 jovens, sendo que uma média de 75% destes alunos que passaram pela CFR de FW permanecem em suas propriedades, garantindo a sucessão rural. Hoje, são 70 estudantes em formação, oriundos de 18 municípios.

A pedagogia da alternância
O grande diferencial do funcionamento de uma Casa Familiar Rural é a metodologia da pedagogia da alternância, quando o jovem, durante a sua formação, fica uma semana na escola e outra na sua propriedade. Ao buscar o conhecimento formal no ambiente escolar, além da troca de experiência com colegas e professores, tem a oportunidade de levar compartilhar essas informações com sua família, aplicando no dia a dia da propriedade.
– Também trabalhamos com foco nas famílias durante os três anos de formação dos nossos alunos. Os professores realizam duas visitas por ano para conhecer a realidade de cada propriedade e dialogar com o jovem e sua família, além do encontro que é realizado na instituição, com palestras e debates sobre as atividades que ocorrem aqui. Esse é um instrumento muito importante na pedagogia da alternância, que é o elo escola e família – detalha Dulcinéia. 
O projeto de vida que o estudante desenvolve neste modelo de ensino também é algo que faz toda a diferença em sua vida profissional. “Durante os três anos de formação, o jovem trabalha o tema do seu projeto que é discutido em família e com a orientação e acompanhamento de um professor orientador. Esses momentos são ricos, pois proporcionam o diálogo constante com a família e o jovem, quebrando algumas barreiras, que ainda precisamos avança”, acrescenta Bohn.

Do sonho à agroindústria
Luana Padoan (foto), egressa da Casa Familiar Rural, de Frederico Westphalen, é um dos exemplos de sucesso em que a trajetória de formação culminou com a realização de um sonho, mantendo as atividades na propriedade. Ela começou o curso em 2012 e se formou em 2014, seguindo os passos dos irmãos. “Com as práticas e visitas de estudos, já tinha uma outra visão que era totalmente diferente do ensino médio tradicional. Na CFR você coloca os estudos em prática, não só nas aulas, como na propriedade”, comenta Luana.
A partir desta experiência, além de melhorias no manejo da bovinocultura de leite na propriedade, Luana abriu uma agroindústria de panificados, a Aromas e Sabores, que, atualmente, funciona de forma legalizada. “Essa era uma das metas do meu projeto de vida e consegui alcançar, dando continuidade aos desafios em nossa propriedade”, completa.

Perspectiva de um futuro promissor no campo
Renan Vitor Mocellin (foto), residente na linha Caravaggio, Planalto, estuda no segundo ano do ensino médio da Casa Familiar Rural de Alpestre. Para ele, o que está aprendendo tem sido fundamental para que possa permanecer na propriedade, desenvolvendo sua atividade profissional ligada ao legado familiar. Segundo o estudante, a experiência lhe dá segurança para a implantação de medidas que melhoram o manejo para a condução da bovinocultura de leite e corte, principal foco econômico da família. 

 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai