Atualmente, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), há cerca de 470 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência auditiva, e, até 2050, a projeção é que esse número chegue a 900 milhões. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), isso resulta de “percepções errôneas, que limitam os esforços para prevenir e abordar a perda auditiva”. Ou seja, é preciso mais conscientização para evitar essa “epidemia de casos” que se projeta para as próximas décadas.
E para quem acha que a perda auditiva atinge apenas a parcela mais idosa da população, está enganado, pois ela pode acometer pessoas de todas as idades, com os motivos variados, que vão desde as questões genéticas até mesmo por acidentes ou maus hábitos. “A perda auditiva pode afetar todas as idades, desde um recém-nascido até um idoso. Hoje em dia, cada vez mais, estão aparecendo casos de perdas auditivas em crianças e jovens, deixando de lado o estigma de que perda auditiva só acomete pessoas mais velhas”, alertam as fonoaudiólogas Danielle e Débora Girardi.
Ainda, segundo as profissionais, é preciso ficar alerta a qualquer sinal de que não se está escutando bem. “A perda auditiva pode se manifestar lentamente. Existem graus de perda auditiva e configurações, e a gente, enquanto fonoaudiólogo, orienta que a qualquer sinal de dificuldade para ouvir sons, sensações de ouvido tapado, dores, não entender o que as pessoas falam, se procure ajuda especializada, que aí, conforme conduta médica, serão realizados os exames pertinentes para avaliar o tipo da perda e o grau da perda auditiva, que pode ser de grau leve até profundo. Mas somente com exame correto para avaliar”, explicam.
Exposição a sons altos
Uma estatística que vem crescendo é o aumento da perda auditiva entre os jovens, e não raro o fenômeno está atrelado aos hábitos pouco saudáveis com a audição. O mau hábito mais comum é o de ouvir som alto demais, ainda mais com a popularização dos fones de ouvido.
– Deve-se evitar exposição a sons altos e intensos, o cuidado com o uso excessivo de fones de ouvidos em volume muito alto e diariamente muitas horas por dia. Trabalhadores expostos a níveis de ruído e vibração precisam usar protetores auditivos, e os demais profissionais que trabalham com diversas formas de ruídos, sons e vibrações, esportes com muito barulho, tudo isso deve ser analisado e optar por uma forma de proteção eficaz, saúde auditiva, dores de ouvido, sensação de ouvir menos, sensação de ouvido “trancado” quadros de infecções de via área superior (nariz, garganta, ouvido), deve-se ficar atento e procurar ajuda especializada de um médico otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo para auxiliar e avaliar – orientam as fonoaudiólogas.
Saúde mental
Ainda, as profissionais alertam para os impactos na saúde mental. “Existem muitos impactos. Ouvir bem é qualidade de vida, é interação social, é poder participar de reuniões de conversas, é ser uma pessoa ativa no meio em que vive. A pessoa com perda auditiva pode, por muitas vezes, se isolar, ter vergonha de sair de casa, não querer participar de comemorações, pois não escuta e não entende, e isso a constrange. Hoje em dia, existem muitos estudos e pesquisas que relacionam a doença de Alzheimer com a perda auditiva. Idosos com altercações cognitivas, dificuldade de memória, isso tudo pode estar relacionado com a dificuldade de ouvir. Outras doenças também vêm sendo relacionadas com a perda auditiva e todas interferem direto no processo de qualidade de vida e bem-estar. Por isso, a qualquer sinal e dúvida, deve-se procurar um profissional”, complementam.
Colaboraram
Danielle E. Girardi - Fonoaudióloga pós-graduada em Audiologia Clínica e Ocupacional e pós-graduada em Fonoaudiologia do Trabalhado.
Debora Girardi - Fonoaudióloga pós-graduada em Audiologia Clínica e Ocupacional.