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Saúde
Incidência de infarto no inverno pode aumentar em 30%
O fato se dá por diversos fatores, entre eles a própria queda de temperatura e a falta de atividade física
Por: Suseli Cristo
Publicado em: terça, 03 de agosto de 2021 às 16:35h
Atualizado em: terça, 03 de agosto de 2021 às 16:40h

Todos os anos, com a “temporada” de dias frios, típicos da estação mais gelada do ano, que é o inverno, chega também um grande alerta à saúde da população, pois dentro desse período, o número de infartos pode aumentar em 30%, segundo dados do Instituto Nacional de Cardiologia (INC). O fato se dá por diversos fatores, entre eles a própria queda de temperatura e a falta de atividade física. 
Se a pessoa já possui um processo de obstrução em desenvolvimento, restringindo a passagem de sangue pelo vaso coronariano, durante o inverno essa condição pode piorar. A contração das artérias, devido ao frio, reduz o fluxo sanguíneo e provoca um desequilíbrio adicional entre a oferta e a demanda de oxigênio levado ao músculo do coração.
Segundo o médico Maurício Venâncio Sperandio, especialista em Medicina Interna e Cardiologia, outro motivo para esse aumento no número de infarto tem relação com a redução das atividades físicas durante os dias frios. “O exercício físico promove exatamente o contrário ao resfriamento do corpo, pois o esforço desencadeia dilatação imediata e, posteriormente, duradoura dos vasos sanguíneos, favorecendo o bom fluxo por todos os órgãos, inclusive pelo coração", explica sobre a importância da continuidade nos exercícios físicos, mesmo durante a estação.
Uma terceira condição que pode estar diretamente relacionada a esse número é a alimentação. Na luta entre gastar energia para manter uma temperatura adequada, o organismo pede por mais comida e, instintivamente, o ser humano procura comer alimentos mais calóricos e ricos em gordura, por serem fontes mais robustas de energia. “A má alimentação tem íntima relação com o processo de formação e deterioração das placas de gordura que entopem nossas artérias e conduzem ao infarto”, esclarece o especialista.
Mas de que forma isso pode ser evitado? Além de permanecer realizando as atividades físicas que mais lhe agradam em dias frios, é aconselhado a ida ao médico para uma avaliação de saúde periódica. “Cultivando a saúde e controlando doenças hoje, nós colhemos prevenção de complicações no amanhã”, destaca. Outras maneiras de prevenir o ataque cardíaco é manter uma alimentação balanceada, o controle emocional e também a supervisão de possíveis doenças subjacentes, como hipertensão arterial, diabetes e colesterol alto.

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Infarto e a pandemia
No ano passado, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), durante a pandemia, as mortes por doenças cardiovasculares cresceram 31% no Brasil. Uma das preocupações de médicos de outras especialidades era que as pessoas deixassem de procurar o atendimento por medo do contágio da Covid-19. “Infelizmente, esse receio se concretizou. Perdemos muitas vidas para o medo", enfatiza Sperandio.
O médico relata que alguns pacientes, com sintomas relativamente leves, mas que em situações normais buscariam atendimento, relutaram em se dirigir aos hospitais para avaliação. Outros, por falta de renovação de orientações e até vencimento de receitas médicas, interromperam suas medicações. Além de casos em que foi ocasionado o infarto pela falta de avaliação preventiva. “Neste ano, por diversos motivos, de pouco em pouco os atendimentos estão se regularizando. Mas ainda é incerto quantos se encontram amedrontados em buscar seus médicos para atualizar suas avaliações”, conclui o médico.

Cuide do seu coração
Evite o cigarro: além de causar problemas respiratórios e oncológicos, o cigarro é um dos responsáveis por potencializar os riscos de doenças no coração. Ao deixar de fumar, a pessoa reduz imediatamente pela metade o risco de morrer do coração e, em cinco anos, zera.

Diminua o peso: quando estamos acima do peso, o coração fica mais espesso e precisa de mais força para bombear o sangue. Além disso, o acúmulo de gorduras provoca a obstrução das artérias, o que dificulta a passagem do sangue. O sobrepeso também dificulta o controle do colesterol e da pressão arterial.

Medidas: o corpo no formato ‘maçã’, ou seja, quando a gordura se deposita no meio do corpo, é mais prejudicial para a saúde do coração. Por isso, é importante controlar o tamanho da circunferência da cintura. Nas mulheres, esta medida não deve ultrapassar 80 cm e nos homens os 94 cm.

Pratique exercícios: a prática de atividades físicas melhora a saúde do coração e os vasos sanguíneos. Também ajuda na diminuição da glicose, risco de trombose e reduz a inflamação no sangue. O ideal é destinar cerca de 30 a 40 minutos por dia para a realização de atividades físicas, em ritmo moderado.

Controle a pressão arterial: a hipertensão é uma doença cardiovascular crônica que atinge principalmente vasos sanguíneos, coração, cérebro e rins. Consulte sempre o médico para medir a pressão sanguínea. Acima de 140 por 90 mmHg (ou 14/9) ela já pode ser considerada alta.

Evite estresse: nem sempre é fácil controlar as situações de nervosismo e tensão. Mas, quando esfriamos a cabeça, percebemos que ficar nervoso não resolve nenhum problema. Ao contrário, contribui para danificar o sistema nervoso.

Reduza o açúcar: evite alimentos com alto teor de açúcar refinado, como bolos e outros doces. Fique também atento ao conteúdo de açúcar das bebidas. O açúcar aumenta o índice de glicose no organismo.

Controle o colesterol: a alteração no nível do colesterol faz com que se formem placas de gorduras nas artérias, o que pode provocar o endurecimento dos vasos (aterosclerose). Para mantê-lo sob controle é importante incluir na dieta o consumo de alimentos ricos em ácidos graxos e ômega 3, como castanhas e salmão, e também praticar exercícios físicos.

Vá ao médico: converse com seu cardiologista, realize os exames preventivos e não se esqueça que só as mudanças em suas atitudes podem contribuir para uma melhor qualidade de vida e saúde.
 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai