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Regina Tomiozzo
“Cada flor me traz uma memória da infância”
Por: Susi Cristo
Publicado em: quarta, 21 de fevereiro de 2024 às 15:15h
Atualizado em: quarta, 21 de fevereiro de 2024 às 15:20h

Fernando Pessoa, em um de seus poemas, fala que “as flores são todas as palavras que a terra diz”. Elas vão muito além da função decorativa e podem despertar emoções positivas em qualquer pessoa. E com a Regina Tomiozzo foi dessa forma que as flores ganharam um lugar especial em sua vida.
Engenheira-agrônoma, formada em Agronomia pela UFSM-FW, Regina é mestre em Engenharia Agrícola pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola (PPGEA) da UFSM-Santa Maria, e está concluindo o Doutorado em Agronomia pelo Programa de Pós-Graduação em Agronomia (PPGAgro), também da UFSM-Santa Maria, e desenvolve um trabalho lindo com as flores.
– Escolhi a Agronomia e ela me acolheu. Foi a melhor decisão da minha vida, pois a partir dela encontrei meu propósito. Sempre quis fugir do óbvio, então quando tive a oportunidade de trabalhar no primeiro projeto de pesquisa com flores, no terceiro semestre da graduação, não pensei duas vezes e agarrei à oportunidade. Me apaixonei e optei por permanecer e especializar-me na área. Com o tempo criei uma relação afetiva com o meu trabalho, pois cada flor me traz uma memória da infância. Lembro muito da época em que meu padrinho, que trabalhou aos com decoração de eventos, fazia lindos arranjos na casa da minha avó materna, quem também sempre amou flores e tinha um jardim colorido e variado. Cada flor tem uma história, um significado. E por meio disso consigo me conectar com pessoas de diferentes gerações – conta. 

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Experiências no exterior 
Regina é natural de Planalto, mas mudou-se para FW ainda quando pequena. Em busca de mais conhecimento e realizando também um sonho de viver no exterior, ela ficou um tempo na Itália e depois retornou a FW.
– Morar no exterior, independentemente do tempo, sempre foi um sonho, que com a pandemia eu já havia desistido de realizar. Até que em 2022, tive aprovação de um projeto de pesquisa na área da Biotecnologia, com financiamento do CNPq, na modalidade doutorado sanduíche na Itália. Permaneci lá durante 10 meses, e nesse período residi na região Toscana e dividi meu tempo entre a Universidade de Florença e o Centro de Pesquisa em Horticultura e Floricultura. Foi uma experiência desafiadora e enriquecedora, pois sai 100% da minha zona de conforto, tanto no âmbito profissional como pessoal. Apesar de continuar trabalhando com floricultura, mudei a linha de pesquisa e fui do campo para o laboratório, onde dediquei-me ao cultivo in vitro de hortênsias, melhoramento genético e biologia molecular. Claro que também aproveitei muito meu tempo lá. Viajei e conheci lugares incríveis. Destravei o italiano. Deliciei-me com a culinária e deslumbrei-me com a cultura e arte do velho mundo. Curti o verão europeu e fiz amigos maravilhosos – destaca.

Flores para Todos 
Regina hoje faz parte da equipe PhenoGlad, sob a orientação do Prof. Ph.D. Nereu Augusto Streck. Uma equipe multidisciplinar e multi-institucional de pesquisa, responsável pelo maior projeto de extensão da floricultura brasileira, o “Flores para Todos”. 
– O principal objetivo do projeto é levar a floricultura como uma opção de diversificação de produção e geração de renda para a agricultura familiar e escolas do campo. De 2018 a 2023, o projeto já alcançou 324 famílias rurais e 59 escolas do campo, em 17 Estados brasileiros mais o Distrito Federal, cultivando gladíolos, girassóis, statices e dálias. Dentro do projeto “Flores para Todos”, sou a coordenadora nacional de planejamento, responsável por organizar o cultivo de statice e girassol de corte associado ao meu projeto de tese de doutorado, que visa desenvolver tecnologias (software e app) para simular o desenvolvimento dessas espécies, por meio da modelagem agrícola baseada em processos – explica.
Segundo Regina, a nossa região já participou do projeto, com a participação da Emater/RS-Ascar e UFSM-FW, com a coordenadora da Equipe PhenoGlad na região Norte do RS, a professora-doutora Gizelli Moiano de Paula, nos municípios de FW, Sarandi, Caiçara, Seberi, Novo Xingú, Rondinha, Iraí e Ametista do Sul, com produção de gladíolos, girassol e statice.

O futuro
Agora Regina quer acabar os seus estudos para, depois, contribuir ainda mais nas ações de fortalecimento da floricultura brasileira. “O primeiro passo é terminar o doutorado para então poder alçar novos voos e continuar contribuindo para o crescimento e fortalecimento da floricultura brasileira”, conclui. 

Fonte: Jornal O Alto Uruguai