Unindo a extensão, ciência, ensino e tecnologia, o Seminário Regional de Enfrentamento às Adversidades Climáticas, realizado na terça-feira, 5, em Cerro Grande, foi promovido pela Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural, e Associação dos Municípios da Zona da Produção (Amzop), com apoio da Embrapa Trigo, Defesa Civil e Prefeitura de Cerro Grande, para debater ações e estratégias, efetivas e permanentes, que contribuam no enfrentamento às adversidades climáticas, cenário que vem acometendo a região e o Estado nos últimos anos.
Mais de 250 pessoas participaram do seminário, que encerrou com a proposição de um Comitê Regional, formado pelas principais entidades da região, que desenvolverá ações conjuntas em prol desse propósito.
Em sua fala, o gerente regional da Emater/RS-Ascar, Luciano Schwerz, ressaltou os desafios enfrentados com o clima, aumentando os riscos na produção agropecuária. Realidade, que resultou em perdas diretas, êxodo rural e dificuldades para as famílias permanecerem no campo. “Nos últimos anos passamos por situações complexas e adversas, como estiagens, ciclones, enchentes, vendavais e chuva de granizo. Além das perdas diretas na produção e geração de renda na agropecuária, este cenário tem contribuído com o êxodo rural e dificultado a permanência das famílias e jovens no campo”, diz Schwerz.
Luciano Schwerz enfatiza que o atual cenário e todas as dificuldades, fizeram com que a Emater fosse motivada a reunir as entidades e promover o evento. “Nosso objetivo é olhar para as estratégias que nós temos e promover o encaminhamento da criação do Comitê Regional, que vai alinhar essa discussão e institucionalizar as medidas, para que possamos ser mais efetivos e garantir ao produtor mais resiliência e sustentabilidade nos seus sistemas de produção”, complementa.
A atuação da Defesa Civil na região foi um dos painéis apresentados no seminário. O tenente-coronel Alexandre Moreira Pereira, coordenador da Defesa Civil Regional de Frederico Westphalen, falou sobre as ações que vêm sendo realizadas recentemente. “Dos 65 municípios de abrangência da Defesa Civil, 60 estão em processos de situação de emergência”, o que demonstra o tamanho do desastre na nossa região das chuvas produzidas nesses últimos meses. Por isso, é fundamental que isso seja discutido e trabalhado, para que os próximos eventos, os danos humanos e materiais, os prejuízos econômicos e sociais, sejam amenizados”, declarou o Pereira.
Ciência e tecnologia no enfrentamento às adversidades climáticas foi o tema trabalhado pelo chefe adjunto de transferência de tecnologia da Embrapa Trigo, Giovani Faé. “Hoje, em parceria com a Emater, nós abordamos uma temática estruturante do nosso sistema de produção, para que possamos reverter esse cenário, seguindo as premissas de rentabilidade, com todos os ganhos sociais, de qualidade de vida para o produtor rural e também de proteção ao meio ambiente. A gente tem clareza que o produtor vai conseguir, com intensificação produtiva, trazer uma melhoria da qualidade do solo, que vai trazer essa estabilidade necessária, seja em períodos de estiagem ou com precipitações mais intensas, melhorando a qualidade de vida, pela maior rentabilidade, e sem dúvida nenhuma produzindo alimento, fitoenergia, aumentando a produção por área sem desmatar, protegendo as florestas, os recursos hídricos, através de investimentos em tecnologias de produtos e processos que vão realmente fazer a diferença e trazer o que a gente chama de uma revolução ao nosso Estado, através das boas práticas agrícolas”, afirmou o chefe adjunto de transferência e tecnologia da Embrapa Trigo, Giovani Faé.
Contribuindo com seminário técnico, o chefe geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, apresentou o último painel, com foco nas políticas públicas estruturantes para enfrentar às adversidades climáticas. Em sua fala Lemainski destaca que a agropecuária é um setor que gera empregos, renda e arrecadação para os municípios. Ele também afirma que o setor é um importante dinamizador da economia local, pois estimula o comércio, a indústria e os serviços. “A cada real que cresce a renda agropecuária no campo, cresce em R$ 0,67 a receita na prefeitura. A cada real que cresce a renda a agropecuária no campo, cresce R$ 1, 07 a renda não agropecuária da cidade. Se quiser que o teu município alavanque, cuide da agropecuária e invista no campo”, diz Lemainski.
O prefeito de Cerro Grande, Álvaro Decarli, reforçou a importância do evento lembrando que é uma pauta a nível mundial.
O prefeito de Seberi, Adilson Balestrin, que esteve representando todos os municípios da Amzop, enfatizou que a maioria dos municípios da região sofreram e estão sofrendo com as bruscas mudanças do clima. “O seminário foi mais um importante passo de integração entre as entidades da região para debater e planejar ações que busquem diminuir os efeitos dessas adversidades em nossos municípios”, complementa Balestrin.
