Formação superior X apostas on-line
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sexta, 27 de setembro de 2024

O “apagão da mão-de-obra” é um tema cada vez mais presente nos diálogos sobre perspectivas, desenvolvimento social e econômico. A falta de profissionais nos mais diversos setores e níveis, em boa parte, se deve aos 30% da população de 18 a 24 anos que não trabalha e não estuda. Sendo esta, uma barreira para o desenvolvimento do País, alguns estudos estão sendo feitos para entender as causas deste fenômeno. Uma das pesquisas recentes revelou que 35% dos brasileiros que planejavam ingressar na faculdade em 2024 adiaram essa decisão por estarem comprometendo sua renda com apostas on-line. Este segmento tem 1,4 milhão de pessoas.
A pesquisa, realizada pela Educa Insights, destaca que plataformas de apostas, como bets e jogos de cassino virtual, como o "jogo do tigrinho", têm captado os recursos que seriam usados para educação. O estudo mostra que o impacto é ainda mais significativo entre as famílias com renda mensal abaixo de R$ 1mil por pessoa, onde 41% abandonaram a ideia do ensino superior, sendo que na faixa com renda até 2,4 mil por pessoa, são 39% os que desistem dos estudos superiores. A pesquisa entrevistou 10,8 mil pessoas de todas as classes sociais e regiões do Brasil, que foram convidados a se manifestar sobre interesse em ingressar no ensino superior e como se comportam em relação as apostas online. 
    É notório que o Brasil enfrenta a falta de regulação dos sites de apostas, causando muitos prejuízos aos jogadores e a sociedade como um todo. Entidades que congregam instituições de ensino querem contribuir com a regulação dos sites de apostas. Algumas regras que se discutem envolvem limite diário de gastos, cadastro obrigatório de jogadores com reconhecimento facial, registro de empresas autorizadas a operar no Brasil, dentre outras. O objetivo seria reduzir o número de pessoas que consideram as apostas uma forma de renda, em vez de um entretenimento. No entanto, especialistas alertam que o formato dos cassinos on-line, que tendem a estimular o vício, continuará liberado, dentre outros motivos, porque a maioria destas empresas de jogas é de fora do País.
Um levantamento realizado pela consultoria PwC mostrou que o setor de apostas movimentou R$ 100 bilhões em 2023, equivalente a cerca de 1% do PIB brasileiro. Nas famílias de baixa renda as apostas representam 76% dos gastos com lazer e cultura e 5% das despesas com alimentação. O impacto das apostas on-line é percebido em vários setores da economia, principalmente no varejo. Em agosto, o diretor do Banco Central Gabriel Galípolo, afirmou que o aumento da renda no Brasil não está sendo refletido no consumo ou na poupança das famílias, possivelmente pelo grande aumento nos gastos com jogos on-line.
Entre as instituições comunitárias e privadas de ensino, já existiam estudos que levantavam hipóteses onde as apostas online estavam contribuindo para os jovens desistirem da formação profissional, técnica e superior. Com a pesquisa, confirmou-se a influência negativa das apostas on-line para a continuidade dos estudos. O ensino superior, assim como o nível técnico, que dão a segurança de empregabilidade e oportunidades de renda ao longo da vida, nunca deveriam competir com o dinheiro para as apostas, que geram ilusão e vício. Educação e trabalho com atitude são os únicos caminhos para ter mais renda, vida confortável e oportunidades de alcançar os desejos. Muitos apostam pela ilusão da renda fácil e depois caem no vício do jogo, consumindo sua renda e da família, além das suas energias e esperanças. 
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em junho divulgou dados que reforçam a importância da educação superior na qualidade de vida e na renda das pessoas. Pessoas sem nível superior tem renda média de R$ 2,4 mil, enquanto as pessoas que têm graduação recebem, em média, R$ 7 mil, ou seja, quase três vezes mais.
Que possamos voltar a ter mais pessoas interessadas em estudar e trabalhar! Um abraço e até a próxima!
 

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