“Síndrome do Ninho Vazio” ao contrário
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quarta, 01 de junho de 2022

A "Síndrome do Ninho Vazio" se refere ao sentimento de solidão e tristeza por conta da saída dos filhos de casa. Se fala que criamos os filhos para o mundo quando, na verdade, por vezes, não nos preparamos para deixá-los voar. Há sempre um receio com misto de saudade que questiona se estão bem, se estão se alimentando, se estão sendo bem tratados nos meios onde transitam e se estão com dinheiro para o seu sustento. Para quem tem filhos fora de casa, dá saudade de levar o mingau na cama junto com um boa noite ou de preparar o café matinal com os lanches prediletos de cada um. Comigo e meus filhos vivemos a tal síndrome às avessas, já que fui eu quem precisou sair de casa! Por questões de trabalho, saí da minha cidade natal, Porto Alegre, deixando para trás quem não podia ou não queria me acompanhar. Nesses 13 anos que moramos – eu e os filhos – separados, convites não faltaram para que viessem morar comigo e o quarto de hóspede está sempre de prontidão, vai que venham de surpresa. Nunca chegamos a pautar que sentimentos nos tomaram quando precisei ir embora. Talvez, porque fosse muito dolorido ter que falar de algo sem uma solução momentânea. Sei de mim, do choro silencioso e do pranto engolido, que ainda me faz marejar os olhos quando escrevo. Sempre fomos muito práticos (eu e eles) e isso nos fez seguir, mesmo separados. Perdemos algumas efemérides juntos, de aniversários a comemorações de fim de ano. Perdi de ir em formatura de filho. Perdi de conseguir chegar a tempo de consolar meus filhos pela perda da avó. Certamente perdi muito riso, muito choro e deixei de dar muito colo. Tenho o maior orgulho deles, por terem se tornado pessoas íntegras e de caráter, mesmo literalmente longe do meu atento olhar materno. Sorte? Diria que boa criação. Eles nunca me culparam pela decisão de ir trabalhar longe, mas nem por isso deixo de me sentir culpada.
O trabalho sempre foi uma terapia na minha vida, competiu no tempo dedicado à família e venceu (e isso não me orgulha, apesar de encher o Lattes). Sempre fui extremamente dedicada ao meu trabalho e nunca fiz nenhum movimento pedindo transferência ou tentando outro concurso (e oportunidades não faltaram). Mesmo assim, sofri algumas retaliações questionando minhas idas a Porto Alegre (isso que vou uma vez por mês para ver a família, à exceção das férias, que costumo fracionar). Um dia, resolvi fazer uma conta cujo resultado me deixou infeliz. Resolvi contabilizar quanto tempo eu ficava com a família ao ano. Bom, somando as férias, mais alguns feriados e fins de semana, o resultado foi dramaticamente triste! Hoje, percebo muitos daqueles que me criticavam, passando pelas mesmas dores que eu ainda tenho. É gente que o filho foi morar fora. É gente que tem o amor morando longe. É gente que sente falta de sua cidade natal. E tudo bem ficar triste por essas coisas, problema é só conseguir ser empático com a dor alheia quando os "calos também nos apertam". De tudo dito, muito aprendizado se concretizou, sendo um deles o de valorizar presenças e viver intensamente cada minuto possível, já que meu tempo é em conta-gotas com eles. Logo, procuro viver tudo o que eu posso, sem tempo para desdéns alheios e sem medo de ser feliz!
Bons Ventos! Namastê.

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