Se alguém pode reclamar com todo o direito possível no Brasil é o assalariado, ou seja, que vive de salário mensal. Essa é a conclusão que se extrai dos estudos realizados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Segundo os estudos, a inflação nos últimos quatro anos já corroeu quase um terço do valor aquisitivo dos salários, é a inflação real, aquela que todos nós sentimos ao realizarmos as compras diariamente.
O reajuste médio dos salários em todos os níveis e classes sociais, incluindo o salário mínimo, tem sido em percentuais abaixo da inflação, a continuar assim, a situação dos assalariados só tende a ficar ainda mais difícil.
Situação diferente daquela que vivem os assalariados é a de muitos setores privilegiados do nosso país. São tantos exemplos que podem ser aqui apresentados. O preço dos alimentos, todos eles, aumentou muito acima do aumento dos salários em geral, isso implica em perda do poder aquisitivo dos trabalhadores.
E os preços dos serviços públicos. Combustíveis, energia elétrica, gás, telefone, entre outros, subiram desproporcionalmente, impondo aos trabalhadores perdas mensais no poder de compra, sem precedentes. E o governo o que tem feito para proteger o assalariado? nada ou quase nada. Deixa para o mercado regular, o liberalismo que cuide do mercado, ele que se regule.
Acontece que os assalariados não tem poder de negociação para exigir e garantir reposição em seus ganhos na mesma proporção que os preços dos produtos têm sido reajustados. É nesses casos em que o governo precisa intervir na economia com seu poder regulamentador para assegurar que os preços dos bens e serviços não tenham aumentos, já que não é possível corrigir os salários.
A situação está difícil para os assalariados, mas não são somente os assalariados que estão com direito de reclamar. O pequeno e médio empresário estão na mesma situação. Com os frequentes aumentos dos produtos e serviços, eles não conseguem repassar os reajustes na totalidade porque as vendas diminuem, então fazem um esforço muito grande para repassar o mínimo possível de reajuste nos preços de seus produtos e serviços.
Diferente dos assalariados e dos pequenos empresários, alguns setores da economia vivem em berço esplêndido. Repassam os reajustes nos preços muito acima da inflação, seus ganhos só aumentam. Por isso quem já é abastado no Brasil, a cada dia está ficando mais rico e acumulado mais riqueza ainda. É o caso dos prestadores de serviços públicos, os grandes empresários e os grandes produtores do agronegócio que exportam em dólar.
Então, se alguém tem o direito, e todo o direito de reclamar no Brasil, atualmente são os assalariados, tanto os do setor privado (comercio, indústria e serviços) e os trabalhadores do setor público que estão vendo a cada dia diminuir seu poder aquisitivo já que não tem reajuste de salário na mesma proporção que os preços dos bens e produtos que consomem.